Conheça o projeto de extensão Anti-horário: voltado ao jornalismo de soluções

07/06/2023

Por: Élyton 

O jornalista e professor Antonio Simões Menezes, é responsável por uma grande contribuição em seus estudos do jornalismo de soluções e coordena o projeto de extensão "anti-horário" desde 2018.

Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal

Neste ano de 2023 o curso de Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba contempla os seus 50 anos de história. O professor Antonio Simões é idealizador do projeto de extensão "Anti-horário", no qual juntamente com uma equipe de alunos do curso, desenvolve estratégias para aumentar a visibilidade dos objetivos de desenvolvimento sustentável. O foco nessa estratégia já acontece há cinco anos, produzindo narrativas inovadoras para o debate na sociedade atual, sempre focando em jornalismo de soluções. O projeto já conta com revista, eventos, capacitação para alunos da rede pública para desenvolvimento de produtos midiáticos e premiações.

O professor Antonio Simões participou de uma entrevista com o Meio Século e contou suas experiências, expectativas e o que podemos esperar do projeto para esse ano.

Meio Século: Qual foi a ideia para dar início ao projeto Anti-horário e a escolha do nome?

Simões: Eu participava em 2019, de um debate no grupo de pesquisa MOBJOR, que é coordenado pelo professor Fernando Firmino, e esse debate era justamente sobre inovação no jornalismo. E eu falava que, para inovar no jornalismo, não era necessariamente preciso ter acesso a tecnologias como realidade virtual e realidade aumentada, por exemplo, que uma simples mudança na forma de enxergar a realidade era a chave para a construção de produtos inovadores no jornalismo, ou, pelo menos, poderia ser essa chave para a inovação. E, nesse sentido, eu falei pela primeira vez em público sobre o meu desconforto com tanta notícia negativa, principalmente da mídia hegemônica, e falava que, nesse contexto, a produção de um conteúdo especificamente voltado para notícias positivas seria, na minha opinião, uma proposta bastante inovadora. O grupo se formou, com as pessoas que participavam desse debate, lá no MOBJOR, que se interessaram pela ideia, e, em uma das nossas reuniões, surgiu essa proposta de anti-horário, justamente porque a ideia era produzir conteúdo que ia no sentido anti -horário da produção da mídia.

Meio Século: Unir-se ao jornalismo de soluções sempre foi o grande objetivo?

Simões: O grande objetivo sempre foi fazer esse contraponto, ressignificar os critérios de noticiabilidade, mostrar que era uma forma de inovar no jornalismo, a construção de conteúdos positivos. E, à medida que esse projeto foi se desenvolvendo e que eu sentia a necessidade de ter mais referencial teórico para embasar as ações do projeto, eu fui conhecendo o jornalismo de soluções e passei a estudar e me aprofundar nessa temática e percebi que o que a gente vinha fazendo já se enquadrava no jornalismo de soluções. E eu resolvi me aprofundar na temática justamente porque eu percebi que a maior parte dos textos era em inglês e havia, muito provavelmente, pessoas querendo estudar o jornalismo de soluções, mas com dificuldades por conta dessa questão da língua, essa barreira da língua. E, por isso, resolvi fazer o livro de jornalismo de soluções, que é o primeiro livro no Brasil que aprofunda esse conceito, essa abordagem jornalística inovadora do jornalismo de soluções.

Meio Século: Atualmente, quantos integrantes fazem parte do projeto e como são desenvolvidas suas funções?

Simões: Atualmente, nós temos 18 estudantes no projeto anti-horário, sendo dois, bolsistas. Os outros 16 são voluntários e são divididos em funções de produção de reportagens para a revista, produção de conteúdo para as redes sociais e a ida até as escolas, ministrar palestras para os estudantes de escolas públicas de Campina Grande com o foco em jornalismo de soluções. Neste ano, as oficinas terão como foco o jornalismo de soluções a partir da fotografia. Então, a gente já começou a ministrar as oficinas para capacitar os estudantes e instigá -los a produzir fotos de soluções que ocorrem em suas comunidades e que a maioria das pessoas nem se dá conta de que essas soluções estão sendo promovidas nessas áreas periféricas, principalmente da cidade. E, a partir do trabalho desses estudantes, a ideia é que a gente possa fazer uma amostra fotográfica e dê visibilidade para esse trabalho, justamente para ajudar a desconstruir o estigma que, infelizmente, ainda recai nessas áreas da cidade e também sobre uma parcela significativa da sua população.

Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal

Meio Século: Como funciona a parceria com a FLIC e o IFPB?

Simões: Na parceria com a Flick, a gente contribui por meio do projeto Repórter Literário, onde a gente também faz a capacitação de estudantes de escolas públicas para trabalhar o jornalismo como uma ferramenta pedagógica. E, ao longo dos últimos anos, a gente já conseguiu, com essa parceria, a produção de entrevistas com autores paraibanos, podcast de entrevistas com autores paraibanos comentando suas obras e a relação delas com os objetivos de desenvolvimento sustentável. Já foi produzida uma amostra fotográfica. Então, é, de fato, um material bastante rico que já está disponível como fruto dessa parceria com a Flick. E, com o IFPB, a nossa parceria foi renovada. A gente já havia trabalhado com eles em 2019 e havíamos ministrado algumas oficinas de jornalismo móvel nessa ocasião. Em seguida, a gente, junto com a Flick, fez uma parceria, renovou essa parceria com o IFNews para a produção do podcast ODS Literário. E, neste ano, a gente está fazendo a nossa primeira oficina que, por conta do grande número de estudantes interessados lá no IFPB, a gente acabou abrindo duas turmas.

Meio Século: O projeto já passou por premiações e parcerias importantes, como idealizador como o senhor se sente?

Simões: Claro que a gente fica feliz quando recebe uma premiação, e quando faz uma parceria que pode aumentar o potencial de alcance das nossas ações. Elas demonstram, no meu modo de entender, a necessidade desse projeto e a importância dele para a sociedade. Então, eu vejo essas parcerias e a premiação que a gente conquistou como um sinalizador de que o nosso projeto, de fato, é relevante, é necessário e já tem causado um impacto positivo e significativo na sociedade paraibana, graças ao trabalho muito dedicado dos estudantes do curso de jornalismo e, claro, graças às parcerias que a gente celebrou com a Flick, que desde 2018, quando o anti -horário surgiu, que acreditou e apoiou o nosso projeto e, posteriormente, o IFPB.

Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal

Meio Século: No início de 2023 foi lançada a primeira revista focada em soluções do projeto, a ideia de revista vai continuar?

Simões: Na verdade, é a primeira revista focada em soluções em todo o Brasil. E a revista deu tão certo, graças ao bom Deus, que ela virou um projeto de extensão. Por isso que temos duas bolsistas. Nós temos uma bolsista que coordena as ações das oficinas e temos uma bolsista que coordena as ações de produção da revista. Então, ela vai continuar agora em 2023, muito mais fortalecida, justamente porque passou a ser um projeto de extensão. E o nosso objetivo é continuar colocando na prática o referencial teórico que a gente vem estudando e vem ajudando a produzir sobre o jornalismo de soluções e demonstrando também na prática que é possível fazer um jornalismo diferente, inovador, como disse, sem grandes recursos tecnológicos, sem apropriação de tecnologias de ponta e também deixando claro a possibilidade de ressignificar os critérios de noticiabilidade e, assim, conseguir produzir um conteúdo que gere insight para a nossa audiência e que ajude a construir um mundo com mais justiça social e respeito e proteção ao meio ambiente.

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