Da cidade do Rei do Baião para a tela da TV, conheça a jornalista Biana Alencar
Foto: arquivo pessoal
Sair do interior pernambucano para ocupar o espaço de jornalista, editora e apresentadora da TV Verdes Mares, exigiu muita coragem de Biana Alencar. Deixando para trás o trabalho na padaria da família, a intensa timidez e a distância do seu berço natal para viver o sonho de atuar no jornalismo brasileiro.
Em 1986, no Crato, cidade do cariri cearense, nascia as gêmeas Biana e Bia Alencar. A família morava em Exu, no Pernambuco, na época por ser uma cesariana de gêmeas, foi necessário encarar os mais de 60 km entre os municípios. Assim, unidas desde o seu nascimento, as irmãs Alencar, cresceram com uma vigorosa parceria. "Minha irmã é minha parceira, me ajudou e ajuda em tudo, falar dela sempre me emociona", diz Biana sobre seu amor-irmã.
Desde a infância, acompanhava o trabalho dos pais, Luiz Gonzaga Nascimento e Ana Alencar, na Panificadora e Lanchonete Gonzaga, no centro de Exu-PE, cidade do Rei do Baião, Luiz Gonzaga. Sua mãe sempre avisava: "Estudem, que eu quero vocês longe da beira do fogão", Biana relembra desse conselho, e da fase onde aprendeu a preparar salgados para festas, uma forma de garantir seu sustento. Hoje, afirma amar gastronomia e até seguir na área se um dia sair do jornalismo.
Uma família de quatro filhas: Biana Alencar, Bia Alencar, Andreia Alencar e Ana Ruth Alencar, sendo as gêmeas as mais novas, fato esse que ajudou Biana a se aventurar fora das terras pernambucanas. "Minhas irmãs mais velhas, incentivaram demais que estudássemos fora, sem medo! Pegamos a fase boa financeiramente, posso dizer assim. E minha mãe não queria que eu me mudasse, mas Andreia e Ana Ruth sempre diziam para ela deixar, já que não tiveram oportunidade, queriam que a gente vivesse isso", conta a jornalista para nossa equipe. Por causa desse incentivo começaria a história de Biana com o curso de jornalismo da UEPB.
O teatro abriu as portas para o Jornalismo
Foto: arquivo pessoal
Antes de decidir ser jornalista e de estrear na frente das câmeras, precisou desenvolver independência e para ela, havia algo mais importante, aprender a falar. Para quem não ousava atender uma ligação, nem imaginava ouvir a voz nos palcos do Teatro. Quando entrou no curso de Núcleo de Estudos Teatrais, mostrou a capacidade, além da arte de interpretar personagens. "Eu não era eu, eu não precisava mostrar as minhas fraquezas", relata sobre a paixão por teatro.
Tímida, sempre dava um jeito de Bia Alencar resolver tudo. Não cogitava que um dia apresentaria o espetáculo "Os Três Porquinhos" dirigido por Flávio Rocha, e ainda emprestaria sua voz nas músicas.
O jornalismo, requer muito improviso, principalmente durante um ao vivo, e a própria entonação, a forma de conduzir uma reportagem é responsável por envolver o público. Por isso, Biana menciona que um termo muito usado no teatro, as intenções de fala, até hoje a acompanha no seu trabalho e colabora com seu desenvolvimento. "O teatro foi essencial na minha vida, (…) meus improvisos durante os monólogos, tudo que vivi construiu minhas habilidades, sou grata demais pelo teatro."
O sonho de estudar jornalismo
Foto: arquivo pessoal
Nos momentos de silêncio tinha uma paixão: escrever. Por isso, seguir no jornalismo foi seu grande sonho já na adolescência. A apresentadora, recorda da única jornalista que existia na cidade, considerada uma lenda, a Claudia Parente, a qual tinha uma admiração.
No ausente contato com pessoas próximas formadas em Comunicação, encontrou na Fundação Casa Grande, em Nova Olinda – CE, sua inspiração. O trabalho de uma amiga, Samara Macêdo, com os povos originários daquela região, a fez entender que gostaria de trabalhar "com o outro". Ela dizia: "Samara, eu quero trabalhar assim, contando histórias, o que eu devo fazer?", até nos testes vocacionais a resposta era clara: jornalismo.
Em 18 de fevereiro de 2008, chegava em terras campinenses, na bagagem trazia trabalhos no teatro, como professora, atuante no SESC do cariri cearense e ainda uma graduação em Letras pela Universidade Regional do Cariri (URCA). Vários caminhos, que somados, possibilitaram viver a vida acadêmica na UEPB com maturidade.
Os desafios na graduação instigaram seus estudos, participou de projetos, prestou voluntariado em hospitais, apresentou peças e ainda conciliou tudo com a maternidade. Durante seu estágio na TV Paraíba, descobriu que estava grávida, posteriormente trabalhou como Tutora de Ensino à Distância. Época de dificuldades, enfrentou preconceitos, mudança de cidade e mesmo de licença maternidade, fazia provas e apresentou o Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) com o filho no colo.
Quem conversa com a jornalista percebe o encantamento pelas relações que foi construindo nos dias de estudante. Desde a chegada ao nascimento do filho. Professores que emprestaram a bancada para troca de fraldas, colegas ajudando durante a apresentação do TCC, a paciência e cuidado da orientadora Robéria Nádia, são relatos que emocionam a pernambucana/cearense.
Vacinação contra COVID-19 em transmissão ao vivo
Foto: arquivo pessoal
Muitas histórias e momentos marcantes, vivências que não faltam na produção jornalística. E em 2021, já formada em Jornalismo, mais um marco. Durante a pandemia, foi ao ar no programa Bom Dia Ceará o momento em que Biana recebia a primeira dose contra a COVID-19. "O momento mais marcante na minha vida profissional, eu chorei de emoção, liguei para minha mãe logo depois, lembrei de tanta gente que não sobreviveu, de colegas de trabalho que perdi, eu não contive a emoção" diz.
A base que ganhou estudando na UEPB, foi um divisor de águas. Dos corredores da universidade saiu com bagagem intelectual, aprendizados únicos, a certeza da importância de ter apoio e de se permitir viver o novo. "É preciso abrir para receber, vai ser transformador se você se permitir", uma das frases ditas pela jornalista para aqueles que estão na Central de Aulas.