DESCONSTRUINDO ESTEREÓTIPOS: UMA REFLEXÃO SOBRE SUAS CONSEQUÊNCIAS NO JORNALISMO

12/05/2023

Por: Toni Silva


A estereotipização dos jornalistas nos últimos cinquenta anos tem sido um tema em constante discussão no meio acadêmico e profissional da comunicação. A imagem do jornalista como um profissional comprometido com a verdade e a imparcialidade tem sido questionada e muitas vezes substituída por uma imagem negativa, de um profissional sensacionalista e em busca de fama e dinheiro.

Essa estereotipização negativa dos jornalistas pode ter diversas causas, como a pressão por resultados em um mercado cada vez mais competitivo, o aumento da polarização política e a falta de ética profissional por parte de alguns profissionais do meio. No entanto, é importante destacar que essas características negativas não são compartilhadas por todos os profissionais da comunicação.

A imagem do jornalista como um herói da verdade e da justiça surgiu no final do século XIX e início do século XX, com o surgimento do jornalismo de investigação e a luta contra a corrupção política e empresarial. Durante as décadas seguintes, essa imagem foi reforçada por meio de filmes, séries de TV e romances que retratavam jornalistas como heróis em busca da verdade. O que, se analisarmos com atenção nos dias atuais, é extremamente discutível, uma vez que não é dada essa autorização ao jornalista.

Outro aspecto importante a ser destacado é a estereotipização das mulheres no meio jornalístico e o quanto o julgamento em cima disso é redobrado. Em recente bate-papo com os alunos do curso de jornalismo na Universidade Estadual da Paraíba, a jornalista Michelle Sampaio relembrou o episódio da demissão dela na TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo, em 2019. Após 16 anos na emissora, após alguns afastamentos, acabou sendo demitida por estar acima do peso, após um processo de pós gravidez. O que reforça mais ainda o quanto a cobrança no aspecto físico da mulher ainda existe, para reforçar um estereótipo de que a mulher só está bem ou bonita se estiver magra. Por outro lado, é totalmente normalizado e aceitável ter como âncoras de telejornais profissionais "barrigudinhos", como a própria Michelle usou.

Para combater essa estereotipização negativa dos jornalistas, é necessário que a sociedade e as próprias emissoras reconheçam a importância do jornalismo livre e independente na democracia, juntamente com políticas verdadeiramente inclusivas e diversas, para que assim haja uma valorização maior dos profissionais que buscam a verdade e a imparcialidade em suas reportagens, e denunciar aqueles que buscam apenas sensacionalismo e autopromoção.

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