Ética no Jornalismo: Até que ponto a informação é um direito
Por: Juliana Oliveira
Em qual ponto a notícia ultrapassa a linha de informação e passa a ser desnecessária? Qual o critério de noticiabilidade utilizado pelos intitulados “jornalistas” da atualidade? Se o interesse público, sempre fala mais alto, o que o define? E até onde vai o direito do outro em ser informado? Muitas são as perguntas que rondam o fazer jornalístico dos últimos tempos e colocam em xeque a credibilidade do profissional de jornalismo. Tantos questionamentos sem respostas, geram problemáticas ainda mais difíceis.
Com o avanço tecnológico e o surgimento das redes sociais, a informação está a apenas um clique do público. O problema do fator instantaneidade é que, com a urgência com que as notícias chegam, elas também se vão. Se disseminando e tomando espaço nas redes, a notícia também ganha diferentes formas de ser contada, mas bem diferente dos outros conteúdos compartilhados na internet, elas vão sem filtro e sem edição. É dessa forma que as Fake News são veiculadas, que notícias perdem a credibilidade e que o jornalismo pende na linha tênue entre notícia e sensacionalismo.
Mesmo com a existência de um código de Ética dos Jornalistas, criado pela Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), o ditado, “Regras foram feitas para serem quebradas”, parece ser o guia mais utilizado por alguns comunicadores. Um dos exemplos mais recentes na mídia, foi o vazamento de uma informação confidencial sobre o estado médico da atriz global, Klara Castanho, por um jornalista bastante conhecido entre os artistas pela maneira ácida que veicula as notícias.
Com uma exposição sobre o estado médico e pessoal da atriz, o jornalista nos faz questionar, até onde o público tem o direito de ser informado e até que ponto o uso da informação se faz necessária. Afunilando o conceito de noticiabilidade, o uso inconsequente da informação, faz também refletirmos, onde começa o direito do outro à privacidade e onde termina o dever do outro saber.
A acidez que o jornalismo da atualidade ganhou, quase que constantemente, comete um crime contra à informação. Acabamos com isso, procurando um culpado; um responsável pelo contorno sombrio que a comunicação pode tomar. Será culpa da não mais obrigatoriedade do diploma para exercer a função de jornalista e a nova geração de jornalistas sem formação ética e moral? Ou, será culpa do novo fazer jornalismo e sua instantaneidade de informações? Enquanto buscamos os culpados, diariamente vítimas da noticiabilidade sem filtro, são formadas.
Sendo o direito de liberdade de imprensa assegurado pelo documento, o jornalista pode cumprir o papel de comunicador diante à sociedade, desde que a veracidade dos fatos e fontes sejam verificadas. No entanto, o código também cita que o jornalista pode se recusar a executar o repasse de determinada informação, caso isso fira os seus princípios morais e éticos. Dessa forma, levantamos mais um questionamento, será que o culpado realmente está lá fora ou o único vilão existente é interno e age na consciência - ou melhor, na falta dela -, do comunicador?