Explorando as oportunidades no rádio: uma janela para o sucesso jornalístico
Massilon Gonzaga, Millena Sousa e Augusto Barros contam como o rádio foi uma porta de entrada para o mundo da comunicação
Com quase 50 anos de criação, o curso de Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) tem se destacado ao longo desse tempo na formação de graduação com excelência para profissionais da área, principalmente do radiojornalismo. A inserção de um estudante de jornalismo no mercado de atuação é sempre uma oportunidade de colocar em prática todo conteúdo, literatura, manuais e discussões realizadas em sala de aula.
O mundo acadêmico, claro, não pode ser colocado no mesmo nível de exigência que são requeridas pelas empresas de comunicação. Porém, se o estudante estiver atento às oportunidades que surgirem, terá acesso ao mundo radiofônico que servirá de trampolim em sua futura carreira de jornalista.
O rádio, um dos veículos de comunicação mais antigos da história, continua a desempenhar um papel fundamental na indústria e garantir oportunidades no mercado de trabalho mesmo depois de completar seus 100 anos de vida. Com a evolução tecnológica e a expansão da internet, novas perspectivas estão surgindo para profissionais que desejam fazer carreira nesse meio cativante.
Uma das principais vantagens do meio radiofônico é a variedade de carreiras que oferece. De locutores e apresentadores a produtores, editores de áudio e diretores de programação, há um espaço para todos. Além disso, com a crescente demanda por conteúdo de áudio, oportunidades de podcasts e streaming de rádio estão em ascensão, permitindo que os específicos explorem nichos de mercado e desenvolvam seu próprio público.
O radialismo não ficou estagnado no passado. Pelo contrário, ele abraçou a inovação tecnológica. A transmissão via internet e as redes sociais abriram novos horizontes para atrair públicos e promover conteúdo. Além disso, a inteligência artificial e a automação estão otimizando a produção de programas e a criação de playlists, oferecendo oportunidades para aqueles que desejam combinar suas habilidades com a tecnologia.
Trabalhar nessa área também proporciona uma oportunidade única de construir conexões profissionais rigorosas. Colaborações com músicos, artistas, políticos e outros profissionais são comuns, o que pode abrir portas para outras áreas da indústria do entretenimento. As redes de contatos criadas no rádio muitas vezes se estendem por toda a vida profissional, tornando-o um campo rico em oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional.
O rádio, um veículo atemporal, tem o poder não apenas de informar e entreter, mas também de inspirar e moldar futuros comunicadores. Na trajetória educacional, o aluno que outrora se encantou com as ondas sonoras e se tornou professor, exerce um papel fundamental.
Seu legado transcende o ensino das técnicas e práticas radiofônicas; ele se transforma em uma fonte de inspiração para os estudantes que sempre trilham o mesmo caminho. Ao seguir os passos do professor, um de seus discípulos se lança no universo do jornalismo, com a rádio como sua paixão.
Agora, mais um aluno, sedento por conhecimento e guiado pela mesma paixão, está prestes a iniciar sua jornada. Ele se inspirará na trajetória do jovem jornalista, fortalecendo assim a corrente de aprendizado e dedicação ao rádio, com as conclusões de que também pode se tornar um grande comunicador.
E para tratarmos das oportunidades do rádio, conversamos com o professor e radialista Massilon Gonzaga, que leciona a disciplina de radiojornalismo e mídia sonora no curso de jornalismo da universidade estadual da paraíba, com a jornalista Millena Sousa formada na UEPB e atualmente atua na rádio Cariri, e por último, o aluno Augusto Barros que é estudante do curso e também está atuando no meio radiofônico. Conheça um pouco a história deles.
O ÍCONE DO RÁDIO PARAIBANO
Foto: Allan Melo da Silva
O vasto currículo do jornalista e professor Massilon Gonzaga de Luna o tornou um dos profissionais da área mais respeitados e reconhecidos da Paraíba. Dono de uma voz inconfundível e com mais de 50 anos no jornalismo, o profissional, que iniciou sua trajetória no rádio, carrega também experiências em diferentes veículos de comunicação, no âmbito regional, nas mais diversas funções.
Massilon iniciou sua jornada na comunicação através de um evento no seu colégio para homenagear o dia das mães. Vendo que seus amigos curtiram o seu estilo comunicativo e brincalhão, foi chamado para integrar reuniões de estudantes em protesto contra a ditadura militar em seu momento mais apreensivo – no final dos anos 60. A partir de então, despertou o seu interesse em trabalhar como profissional do rádio.
Ele começou trabalhando em locução nas difusoras de sua cidade natal – Pombal – até que precisou sair do sertão para concluir os seus estudos do antigo ginásio. Se mudou para Campina Grande para ter mais oportunidades no ramo da comunicação. Seu ingresso profissional começou em 1972, trabalhando como operador de som na rádio Caturité. Depois se tornou locutor na mesma emissora.
Ao mesmo tempo, foi influenciado pelo seu irmão a cursar Jornalismo, já que os locutores daquela época em Campina Grande, já estavam muito mais avançados nas técnicas comunicativas do que na sua antiga cidade. Apesar de ter bastante experiência na área, precisaria ter uma formação acadêmica para ter maiores oportunidades na profissão: "A academia me ajudou bastante a ficar antenado no que estava em alta naquela época em questão de termos teóricos e técnicos e me aprimorar como jornalista".
Ter paixão pela fala fez com que se inspirasse em grandes nomes do jornalismo brasileiro daquele período: " No cenário nacional me inspirei nas vozes do Cid Moreira na rádio Globo, no Adelson Ramos na rádio do comércio do Recife e o ator/radialista Dispenser Hartmann, que era irmão da atriz Elizabeth Hartmann da antiga TV Tupi, já no regional fui inspirado pelo saudoso comediante Gordurinha que fazia humor e paródias, o Joselito Lucena no cenário esportivo como também o grande comunicador Gilson Souto Maior".
A VOZ FEMININA DO RÁDIO CAMPINENSE
Foto: arquivo pessoal
A pernambucana Millena Sousa já era fascinada pelo rádio desde criança. Ela ouvia a programação da rádio Jornal AM em Guaranhuns, sua cidade natal. Ainda na infância pediu para a sua tia lhe levar para o estúdio da rádio para conhecer a emissora e para tentar entender como funcionam as transmissões no rádio. Ela tinha apenas 7 anos e já era decidida no que queria trabalhar: queria cursar comunicação para poder enveredar pelos caminhos do radiojornalismo.
Em 2008, veio à Campina Grande para cursar Jornalismo na Universidade Estadual da Paraíba e nos primeiros anos integrou a equipe da antiga rádio comunitária da universidade, ainda no bairro da Conceição. Fazer parte de um programa prático em uma disciplina eletiva fez com que ela tivesse contato na prática com o dia-dia de uma emissora radiofônica. Depois disso, ainda durante a sua graduação, começou a estagiar na Rádio Cariri FM, onde apresentava um programa de entretenimento e música.
Millena teve a oportunidade de trabalhar em várias áreas que o jornalismo é capaz de proporcionar. E ela se considera defensora fervorosa do diploma para exercer a profissão: "A teoria é fundamental para poder abrir os olhos, dar direcionamento e noção do que deve ser a ética jornalística para embasar a prática de quem deseja cursar comunicação".
O rádio para a pernambucana é uma verdadeira escola porque forma o bom profissional e oferece autonomia para ter zelo e responsabilidade no conteúdo que produz. Além disso, segundo Millena, o rádio alavanca o profissional em voos maiores para as mais diferentes áreas do Jornalismo: "O profissional do rádio aprende a ser competente em várias áreas, como na produção e na escrita, além de gerar experiências valiosas que servirão para toda a sua carreira".
Como uma mulher que vivencia diariamente o rádio, Millena teve várias referências na profissão, como o atual colega de trabalho, o jornalista Geovanne Santos. Os dois fazem o Meio Dia Paraíba, na Rádio Cariri FM. Mas além dele, a pernambucana citou outros, como Arquimedes de Castro e mulheres como Carla Bigatto, da Band News FM de São Paulo, e Naian Lopes, uma das referências para o jornalismo esportivo na década de 70.
Por fim, ela deixou uma reflexão para quem deseja seguir no rádio como profissão: "É entregar um conteúdo como um serviço e o protagonista nessa história é o ouvinte, o público que consome esse conteúdo e não quem está no microfone".
O GAROTO PRODÍGIO DA COMUNICAÇÃO
Foto: arquivo pessoal
Augusto Barros é um grande exemplo de vocação para a profissão. Desde muito pequeno, o garoto da zona rural de Serra Branca, no cariri paraibano, já se mostrava como alguém que teria um grande futuro com o rádio.
O seu contato inicial com o veículo de comunicação foi em 2018. Ele teve suas primeiras experiências em diversos projetos em sua cidade através de emissoras comunitárias e projetos paralelos em rádios web.
Então, decidiu cursar Jornalismo pela paixão que sempre teve com o radiojornalismo, mas também pelos diversos caminhos que a profissão poderia lhe oferecer. Em 2022, teve a oportunidade de poder estagiar na principal rádio de sua cidade, a Serra Branca FM. Lá, Augusto passou a exercer diversas funções que antes lhe despertavam curiosidade. "Espero que a minha trajetória inicial no rádio seja bem duradoura".
Assim, Augusto passou a lidar paralelamente entre a prática que a Serra Branca FM lhe proporcionava, e a teoria que a graduação em Jornalismo passou a lhe oferecer. Ele pôde se debruçar nos mais diversos conhecimentos teóricos e alinhar tudo isso à prática junto à emissora no qual passou a estagiar. "A formação acadêmica nos dá conhecimentos essenciais para exercermos o papel de jornalistas, como a ética que deve ser aprendida na academia, mas que deve ser levada consigo para toda a vida. O Rádio é fascinante, eu sou apaixonado pelo o que faço".
E foi estudando e trabalhando simultaneamente que Augusto aprendeu e aprende a cada dia. No estúdio, tem a oportunidade de se aprimorar cada vez mais para estar preparado para os desafios que surgirem. "Aprendi as formas de como se falar corretamente no ar, na parte da sonoplastia para colocar um efeito especial em um programa."
Desde pequeno se debruçava para ver vários programas jornalísticos do telejornalismo, mas também tinha admiração por grandes profissionais do rádio que serviram de referência para si. "Adorava o programa da rádio BandNews do saudoso Ricardo Boechat e o programa do Eduardo Oinegue, do Mílton Jung do jornal da CBN".
E aproveitando as oportunidades que surgiram no seu caminho que Augusto se sente privilegiado por ter tido persistência e sempre estava disposto a aprender cada vez mais e sair da zona de conforto. " O rádio é uma escola que pode também ser sua fonte de renda como profissional depois do curso aliado com outros trabalhos. A dica que dou é que acompanhe toda a dinâmica que engloba esse meio e agarre com toda força as oportunidades que surgirem".
Produção e reportagem: Allan Melo da Silva
Edição e supervisão geral: Augusto Barros