Jornalismo e Resistência

22/05/2023

Por: Victória Freitas

Como os alunos e profissionais se posicionam em um cenário de tentativas de descredibilização da profissão.

Foto: Débora Leite
Foto: Débora Leite

Em plenário, no dia 17 de junho de 2009 foi determinada a desobrigatoriedade do diploma para jornalistas. 8 votos a 1 estabeleceu que qualquer pessoa pudesse exercer a profissão e diante disso, as tentativas de descredibilizar o ofício da profissão não cessaram. É comum encontrar nos corredores das universidades estudantes questionando a escolha pelo curso e por vezes, interrompendo a graduação em torno de um único questionamento: "Será que vale a pena o sacrifício por um diploma que nem é obrigatório?" Diante do questionamento acerca da desobrigatoriedade, sabemos que mesmo não sendo obrigadas a contratarem aspirantes a jornalistas - sem diploma - , as empresas têm solicitado, no mínimo, a formação em ensino superior para a ocupação dos cargos.

O jornalista possui um papel fundamental e transformador na sociedade. Em tempos de disseminação de fake news e de "brincar de ser jornalista", o trabalho jornalístico sério, que apura, checa e divulga as notícias com credibilidade, é imprescindível. Decerto, a diferença de um profissional formado na área para um amador, é inegável, isso só reforça o fato de que o curso de graduação em Jornalismo é extremamente importante para que tenhamos cada vez mais, profissionais capacitados colaborando com a formação crítica dos cidadãos. A Jornalista Angellyka Kelly, radialista na Rádio Caturité, conta que mesmo diante do forte cenário de tentativas de descredibilização da profissão, o amor pela comunicação sempre foi mais forte e decidiu ingressar no curso pelo fato de notar que um profissional ganha destaque na sociedade quando possui formação naquilo que está atuando.

"O conhecimento adquirido e as experiências compartilhadas, você não encontrará fora da Universidade. Hoje em dia, muitas pessoas brincam de serem repórteres, pegam um celular, fazem fotos, gravam vídeos, entrevistam pessoas, enfim, mesmo assim é possível identificar quando uma pessoa tem domínio sobre o que está fazendo e quando ela está fazendo da forma que acha que é certo.". - Angellyka Kelly

Ao mesmo passo em que a decisão, tomada há pouco menos de 14 anos atrás, influencia na escolha de muitos vestibulandos a adentrarem no curso, temos, por outro lado, alunos que se deslocam de outros estados, deixando conforto, família e amigos, em prol de um objetivo maior, ser jornalista. É o caso de Felipe Bezerra, que veio da cidade de Iguatu, no Ceará, para viver seu sonho em Campina Grande. Atualmente, está cursando o sétimo período do curso de Jornalismo e confessa que só tomou conhecimento da crise que atravessava a profissão depois de ter ingressado no curso, porém, não abalou a sua decisão.

"Escolho o jornalismo todos os dias e torço para que ele também me escolha todos os dias, que eu me sinta pertencente a esta profissão tão encantadora. O que me faz continuar mesmo sabendo da crise na profissão é a consciência da importância da mesma para a sociedade, e a vontade em fazer parte de algo maior, de poder ajudar. Mesmo que a gente não vá mudar o mundo, só em contribuir com um espaço, dando voz, ouvindo e escrevendo com verdade os fatos, me basta. Sou feliz." - Felipe Bezerra

Em meio ao cenário desagradável que atravessa o jornalismo, o diálogo em sala de aula, onde os docentes incentivam os alunos a se tornarem profissionais éticos e responsáveis para com a sociedade, é muito valioso. Angellyka conta que durante sua graduação, continuamente, os professores motivaram os alunos a fazerem diferente, em meio ao percalço de desvalorização da profissão, a serem bons profissionais mesmo em meio às dificuldades. Atualmente, eles permanecem com as mesmas explanações a respeito, Felipe conta que no exercício da docência, sempre reafirmam a importância de conquistar o diploma para exercer um bom jornalismo, sem sensacionalismo, estereótipos e imediatismo. "É com formação e reconhecimento da classe que podemos reconstruir um caminho mais digno para a profissão." Conclui.

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