Lídice Pegado: trajetória no curso e no mercado de trabalho

16/06/2022

Conheça a história da jornalista Lídice Pegado e como foi a sua trajetória durante a sua graduação no curso de jornalismo na Universidade Estadual da Paraíba

Texto por Alisson Brando / Edição por Juliana Oliveira

Foto por Ana Sousa
Foto por Ana Sousa

Lídice Pegado, 25 anos, Jornalista e Paraibana. Ingressou na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) em agosto de 2017, concluiu o curso no final de abril deste ano, depois de 4 anos e 8 meses de graduação. Durante o período do curso, o primeiro estágio remunerado foi na área de gestão de redes sociais em uma agência, depois montou seu próprio negócio, a Agência Pegado e também passou para um estágio no Jornal Correio da Paraíba. Em dezembro de 2019 entrou na seleção da TV Paraíba, onde estagiou por 7 meses na TV e mais 11 meses no G1, no qual finalizou o processo de volta na TV por mais 9 meses até se formar. Lídice formou-se já com a proposta de emprego para a vaga de vídeo reportagem na TV Paraíba; reportagens com o celular (uma novidade na emissora), colou grau no final de Abril e foi contratada no início de maio. O projeto Meio Século conversou com a jornalista para saber um pouco mais sobre essa história.

Meio Século: De onde e como surgiu a sua paixão pela área da comunicação social?

Lídice: Essa essa minha paixão pela área de comunicação surgiu mesmo ao longo do curso de jornalismo. Eu sempre me dediquei muito às disciplinas práticas e aquelas aulas que mais prendiam a atenção, onde os professores contavam relatos de experiências, de vivência com exercício da profissão e foi ali onde eu fui enxergando o mundo da comunicação social.

Meio Século: Para essa paixão nascer, quem você teve como referência no âmbito jornalístico?

Lídice: A primeira pessoa que me inspirou e ela continua me inspirando até hoje é Ana Souza. Foi uma das primeiras coisas que falei quando entrei na TV Paraíba como estagiária. Ana Souza é editora do JPB 2, e foi minha professora durante dois anos, nos quatro primeiros períodos de curso. Certo dia, Carlos Siqueira me perguntou, "Se você pudesse ser qualquer pessoa da TV, quem você seria?" E eu disse, Ana Souza. Ele foi pego de surpresa com a minha resposta e disse que na maioria das vezes, os estagiários respondiam profissionais como o próprio Carlos Siqueira, Denise Delmiro, Arthur Lira e eu me inspirava e admirava a Ana Souza que faz o trabalho de edição e trabalho de bastidores.

Meio Século: Quem era a Lídice Pegado, como estudante do curso de jornalismo?

Lídice: Eu sempre fui uma pessoa que tem um espírito de liderança. Na universidade não foi diferente. Eu era aquela pessoa que muitas vezes liderava reuniões e planejamento de eventos. E foram algumas pessoas da minha turma em conjunto comigo, que realizamos a primeira semana de jornalismo e eu sempre fui muito essa pessoa de tomar a frente, de gostar de coordenar e tudo mais. Porém, do segundo período em diante eu passei a ser uma estudante um tanto quanto lapsa porque eu comecei a estagiar e eu tinha que dividir a minha rotina entre o estúdio e o trabalho e eu sempre priorizei mais o trabalho do que eu estudo, porque no trabalho eu aprendi de fato na prática e as as funções ao a qual eu estava exercendo ali durante o estágio e eu me dedicava ao máximo.

Meio Século: Como surgiu a primeira oportunidade de estagiar na área ainda como estudante?

Lídice: O meu primeiro estágio foi como social media de uma agência. Antes mesmo de eu começar o curso. E aí eu entrei na Universidade em Agosto de 2017. Eu conheci uma pessoa que me chamou pra ajudar ele nessa agência, então eu passei um ano estagiando com ele como social media. E aí eu cursei o primeiro período, de agosto até dezembro e aí quando começou o segundo período eu deixei de trabalhar com essa agência e logo em seguida surgiu a oportunidade de fato de eu ter a experiência com o jornalismo. Um editor de esportes de João Pessoa do Jornal Correio, conversou com um professor que é amigo dele da UEPB e pediu indicação de uma pessoa que tivesse afinidade com o esporte, de preferência uma mulher. E ele queria trabalhar com uma mulher na área e esse professor me indicou. Eu sou eternamente grata a ele. Eu nunca vou conseguir agradecê-la por ter aberto essa porta para mim.

Meio Século: Durante o período da graduação e estágio, você obteve dificuldades para conciliar com as duas responsabilidades?

Lídice: Sim, eu tive muita dificuldade. Até porque quando eu comecei a conciliar o estágio com a minha agência e com a universidade ficou bem difícil, bem difícil mesmo. E antes disso, quando trabalhava no jornal Correio eu me matriculei à noite, porque eu era do turno da manhã porém fiz essa mudança para trabalhar à tarde no Correio da Paraíba e trabalhar de manhã em uma outra agência tudo como estagiária e então eu trabalhei os dois turnos. Eu acho que um semestre nessa rotina foi muito difícil, porque eu estava chegando no cansaço o tempo inteiro, mas tirando essa fase louca eu sempre fui um pouco difícil conciliar. O tempo que a gente tinha era pra estudar ou pra descansar.

Meio Século: Adentrando em demais experiências como estagiária em outros ambientes. (Ex. Jornal Correio da Paraíba, G1, Tv Paraíba...) Quais os maiores aprendizados você retirou de cada experiência?

Lídice: Jornalisticamente falando eu acho que os maiores aprendizados que eu tiro como lição é assim; é a abordagem das pessoas. Como é que você tenta convencer uma fonte a falar de dar informações, nem sempre funciona, mas aí, você começa a pegar a prática. Pegar um jeitinho de conversar com as fontes e acabar extraindo muita coisa delas e em relação a essa questão de conhecimento de mundo também pra saber por onde checar cada tipo de situação no dia a dia.


Meio Século: Dentro de suas experiências, quais coberturas importantes você cobriu?

Lídice: No esporte, eu cobri um jogo do acesso do campinense na série C, pelo Correio da Paraíba. Eu era uma torcedora do time cobrindo esportes em um ano difícil para ele. Foi uma uma cobertura importante, porque ali eu tive que colocar o meu profissional acima do meu lado torcedora. Já quando eu estava no G1, fui para duas visitas do presidente de Bolsonaro. O avião dele pousou aqui em Campina com destino à Sertânia, em Pernambuco. Na época, eu era estagiária e me mandaram com o celular para fazer imagens do portal. E eu fiz uma foto que repercutiu muito e que vários blogs já utilizaram. Era uma foto de Bolsonaro, no auge da pandemia, cercado de eleitores sem máscara, abraçando as pessoas e eu consegui uma foto de um ângulo perfeito que mostrava exatamente essa realidade. Essa foi uma das coberturas que mais me marcou. Outra, foi uma matéria que eu consegui emplacar no Rio Nacional, que faz a história de uma enfermeira em uma cidade uma cidadezinha pequena daqui do sertão que atravessou um riacho à pé, para vacinar uma idosa que morava do outro lado do riacho que ela não se locomovia. Já na TV, eu não tive ainda muita experiência. Eu fiz uma matéria onde eu falei do trabalho do Corpo de Bombeiros em Pernambuco e tomei as duas campanhas de arrecadação pra lá. Depois dessa matéria o inspetor responsável pela PRF (Polícia Rodoviária Federal), nos mandou uma mensagem agradecendo porque eles passaram dois dias divulgando e não tiveram muitas arrecadações. Essa foi uma matéria que eu acho ela de suma importância na minha na minha trajetória. Foi quando eu vi que a função enquanto jornalista não é somente informar. É ter que desenvolver um papel social, onde a gente consiga mudar a realidade das pessoas ou se pelo menos a gente não conseguir mudar, a gente acabe fazendo a diferença de forma positiva na vida delas.

Meio Século: Voltando a falar do cenário pandêmico que tivemos no ano de 2020/2021, qual foi a sua dificuldade para a sua experiência profissional?

Lídice: Eu não diria que eu particularmente tive dificuldade. Na minha experiência profissional, na verdade, a gente viveu um novo cenário e que abriram várias possibilidades porque a gente precisava continuar informando as pessoas sem se colocar em risco. E estagiário de profissão. Então eu passei por dificuldades que todo mundo passou, não foi uma dificuldade exclusivamente minha que foi de produzir matérias através do celular, receber material feito por entrevistado e a gente tinha que conduzir o entrevistado meio que ensinar a filmar, gravar, se gravar dando uma entrevista eh gravar imagens de apoio, formato, e posição de celular, essas coisas. Mas essa foi uma dificuldade exclusivamente minha na pandemia. Quando você sabe que todo mundo passou. E eu acho que foi muito nesse sentido assim, a dificuldade maior foi a gente continuar levando informação sem encontrar com as pessoas pra contar história, pra ouvir histórias sem poder ter contato com fontes oficiais e foi uma dificuldade de todo mundo, não só a dificuldade só minha.

Meio Século: Hoje, quem é a Lídice Pegado como jornalista?

Lídice: Ainda é uma jornalista que está aprendendo. Eu sei que óbvio já tem quatro anos que eu tenho experiência com jornalismo desde o meu primeiro estágio até aqui e eu sei se eu tenho algumas coisas a ensinar as pessoas aos novos estagiários que vão chegando, que vão passando pela minha vida. Mas hoje, sobretudo, eu ainda sou uma profissional em formação. Então, eu ainda sou ali desempregada e jornalista que está aprendendo, que está vivendo ainda várias situações cotidianas que são novas pra mim. Então, apesar de uma profissional formada. Academicamente é formada por direito, por conclusão de curso, mas é um profissional ainda muito verdinha. Muito imatura e que ainda tem muito a aprender.

Meio Século: Como andam os projetos e a carreira após a conclusão da graduação?

Lídice: Eu acabei de me formar então ainda estou vivendo muito esse momento de ser realmente uma pessoa formada para aproveitar as oportunidades que estão surgindo e vivê-la ao máximo. Então eu ainda não tenho muitos projetos. O meu projeto é viver e aprender. Extrair o máximo que é essa nova oportunidade, ela tá me me dando. Me proporcionando. Eu ainda não tenho muito projeto, muitos sonhos pro futuro. Eu estou muito focada em viver o presente, porque eu batalhei a minha graduação inteira pra ter uma oportunidade que eu estou tendo hoje. Estou tentando vivê-la ao máximo dia após dia.


Meio Século: Gostaríamos de saber sobre o seu projeto como uma jornalista empreendedora, poderia nos contar sobre o seu investimento para o projeto e como ele se desenvolve?

Lídice: É perrengue, viu? Não é fácil, eu tenho a minha agência de gestão de redes sociais, mas eu tive que me afastar das funções principalmente do atendimento ao cliente, porque lá na TV Paraíba a gente tem meio que um contrato de exclusividade. A empresa não quer que, principalmente, os repórteres, atuem em outras áreas relacionadas à comunicação. Por causa disso, eu tive que me afastar das minhas outras atividades e estou na parte administrativa fazendo pagamento e tudo mais. Isso na parte de empreendedorismo. Na direção, eu tive que passar para o meu noivo e pra uma colega de profissão da minha confiança, que hoje são quem estão passando a agência, já que tive que deixar de lado e ficar apenas na TV.


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