Professor Roberto Faustino: Uma vida dedicada a transmitir conhecimento
Por: Adê Macêdo
Familiarizado com o ambiente letivo, devido a anos dedicados a uma de suas maiores paixões: dar aulas. Faustino chega na sala escolhida da Central Acadêmica Paulo Freire, para nos conceder a entrevista para a produção deste perfil. O professor é natural da cidade de Teixeira, sertão do estado da Paraíba, nascido no dia 30 de janeiro de 1967, em plena ditadura militar, a qual ele relembra e nos mostra a trajetória de vida e profissional.

Filho de Romeu Ribeiro da Costa e Maria Nelí Ribeiro da Costa, Faustino teve uma infância "normal", assim como ele mesmo classifica. Embora tenha nascido na cidade de Teixeira-PB, o professor cresceu no município de Princesa Isabel, também localizado no sertão paraibano. Faustino comemora ter nascido no interior, onde, segundo o professor, têm-se mais liberdade e proximidade com a natureza: "morei na cidade de Princesa Isabel-PB até meus 12 anos de idade. Com o privilégio de fazer o primário e ter uma série de oportunidades de quem mora em uma cidade do interior. Portanto, um pouco mais livre para ter mais liberdade, claro que controlada pelos pais. Mas sobretudo, diferente do contexto de cidades de médio e grande porte, onde as crianças são muito mais limitadas com relação ao contato com a natureza e o lúdico".
O ingresso no curso de Comunicação Social, veio sem muito planejamento. Após uma passagem pela cidade de Patos-PB, Faustino e sua família se mudaram para a capital, a cidade de João Pessoa-PB, buscando justamente a necessidade de ingressar em um curso superior. Por volta dos seus 17 para 18 anos, Faustino já havia adquirido o hábito de acompanhar programas jornalísticos de debates na rádio, porém, a princípio, era apenas com objetivo de se atualizar para o vestibular que se aproximava. Entretanto, essa rotina o fez se acostumar e passar a gostar do radiojornalismo. Porém, além do rádio, o professor relata que também já nutria um carinho especial pela televisão: "mais ao mesmo tempo, também me fascinava muito acompanhar o telejornalismo. Nessa época, não tinha canais de assinatura nem muitas opções. Então a Globo já se apresentava muito forte, 'Fantástico', 'Globo Esporte', 'Esporte Espetacular', todos esses programas já me moviam".
Foi em meio a essa rotina que, em meados de 1984, o jovem Faustino optou pela escolha do curso de jornalismo, sendo aprovado no vestibular e ingressando na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), lá mesmo em João Pessoa-PB. O professor diz que não encontrou grandes dificuldades dentro da graduação, se adaptando bem ao curso e fala em tom bem humorado: "Não tive dificuldades! Também tinha uma vantagem, não era um 'CDF', mas sempre fui um estudante aplicado! A prova disso é que meus pais nunca precisaram pegar no meu pé com relação aos estudos".

Hoje, já lecionando como professor, Faustino nos conta que o gosto pela licenciatura surgiu tardiamente: "durante o curso, não foi uma coisa que terminou me vislumbrando. O interesse pela docência só ocorreu mesmo durante o mestrado", e aproveita o gancho para lamentar a falta de orientação para discentes em cursos superiores: "Quando conseguimos ter uma boa orientação, um programa de tutoria mais adequado, o que falta no nosso curso e também não havia, na época, na UFPB, às vezes você não sabe o que está fazendo lá. Apenas com o tempo é que as coisas vão se encaixando e o curso vai fazendo sentido"
Em 1988, Faustino estava perto da conclusão da graduação, entretanto, o professor relata que, na época, as universidades estavam sofrendo um processo de sucateamento, quase não existiam concursos públicos e o mercado de trabalho estava disponibilizando poucas oportunidades. Mesmo assim, em meados de 1990, o professor, por meio de programa de seleção, entrou no mestrado, ingressando no curso de biblioteconomia (hoje Ciências da Informação), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Em pouco menos de um ano ganhou uma bolsa, o que o ajudou a se manter, em tempos difíceis, enquanto não entrava para o mercado de trabalho.
Quando perguntado se teve dificuldades em se inserir no mercado, o professor não titubeou na resposta: "eu tive na verdade foi privilégio". Foi após o mestrado em jornalismo, que Faustino passou a integrar o quadro de profissionais da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), por um programa de professor visitante. Faustino foi agraciado, e entrou no curso de jornalismo da UEPB no ano de 1995, indicado diretamente pelo professor Luís Custódio da Silva, a quem considera como um padrinho e fala com carinho do colega: "devo não só a indicação, foi meu professor na graduação e orientador de mestrado. Um padrinho que se tornou um amigo/irmão".
Faustino passou 7 anos com o título de "professor visitante". Porém, em 2001, após a realização de um concurso da universidade para a efetivação de professores, a aprovação e ingresso como professor concursado ocorreu. E no ano seguinte, 2002 ele já integrava o quadro fixo de professores do curso de jornalismo da UEPB, onde está há 28 anos, tendo com orgulho em sua carteira de trabalho, apenas o registro profissional de professor da Universidade Estadual da Paraíba.

Em resposta sobre quais são seus objetivos profissionais para o futuro, Faustino conta, com entusiasmo, que no dia da entrevista, concorria juntamente com o professor Orlando, às eleições para a coordenação do curso, e brinca: "o nome da nossa chapa é exatamente 'Mais Meio Séculos', aproveitando a proposta do projeto coordenado pela professora Rackel Cardoso. Então os planos são de mais meio século". Apesar da fala, o professor comenta que a aposentadoria se aproxima, ao mesmo tempo, demonstra a humildade de sempre ao falar e enaltecer a nova geração de profissionais: "Embora a proposta seja de mais meio século, já, já devo estar aposentando as chuteiras. Inclusive, vocês que estão assumindo [futuramente], e que bom que seja assim. Como já aconteceu, com meus alunos, e de forma muito mais qualificada que a minha".

E foi com essa humildade, dedicação e acima de tudo, amor pelo que exerce, que o professor Roberto Faustino ajudou a erguer o curso de jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Já são quase 30 anos dedicados ao ensino e formação de novos profissionais, tendo em seu currículo, a docência na graduação de jornalismo da UEPB, como seu primeiro e único emprego de carteira assinada. Faustino é peça fundamental na construção e história desses 50 anos do curso.