Crônica: Rabiscos de uma quase jornalista

31/05/2023

Por Karen Baracho

Quando completei 10 anos, minha vó Dôra me contou que sonhava em ter um livro escrito por seus netos, me pediu para escrever uma história e colocar em um pendrive para ela guardar de lembrança. Neste dia, ela me levou até a biblioteca dela e deixou que eu escolhesse quantos livros eu quisesse, saí de lá com 8, entre eles: ''O Homem que Matou Getúlio Vargas'' de Jô Soares. Aquilo me despertou uma curiosidade sobre a carreira de Jô, e embora ele não fosse formado em Jornalismo, era, e ainda é, uma grande referência da área. Naquele momento eu entendi um pouco mais sobre o papel de um jornalista e ao contemplá-lo, pensei se cabia algum rabisco meu nele. Minha avó nunca recebeu os meus ensaios de livros, dois anos mais tarde ela se foi e não realizou esse sonho.

Quando ingressei no curso de jornalismo, sentia medo de não me encontrar, mas esse sentimento não resistiu à primeira semana de aulas. Vi no Jornalismo a chance de pôr em palavras meus sentimentos, de fazer minha voz chegar a lugares onde nunca imaginei, de transmitir ao público ao menos uma parte da imensidão de conhecimento que meus professores me proporcionaram. E prometi a mim que realizaria o sonho da minha avó. A sensação que eu tive ao assistir a primeira aula presencial no período pós-pandemia foi deliciosa. Ver meus professores, que durante tanto tempo eram menores que um lápis na tela do meu computador, foi gratificante, expressar-lhes um sorriso de gratidão e levar comigo um pouco de cada um foi e é uma coisa divina, acredito que a graduação em jornalismo é uma das mais acolhedoras.

Tenho observado constantemente detalhes naqueles que me ensinam, e que lembram minhas maiores referências, minha avó que também era professora universitária e meu pai que apesar de não curtir estudar, é uma das pessoas mais inteligentes que conheço. E nesses momentos eu sinto felicidade absoluta em saber que estou sendo bem guiada pelo caminho certo. A Universidade não só me proporcionará um diploma, tenho certeza que sairei da UEPB carregando boas lembranças, amizades e histórias para contar.

No dia primeiro março quando retornamos das férias e tivemos a primeira aula com o professor Cidoval Souza e ele falou: ''Sem paixão não somos nada'', e eu respondi mentalmente: "Ainda bem que eu tenho o Jornalismo".

Não sei como será o processo de comemoração do primeiro século do curso de Jornalismo na UEPB, mas eu sei como será na metade e sou grata por poder participar, orgulhando Dona Dôra que mesmo sem saber na época, me guiou rumo a minha paixão.

Nestes 50 anos, a graduação de Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba realizou muitos sonhos, promoveu muitos encontros e merece ser celebrado por isso!

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