Conheça Antônio Simões Menezes: Cearense de Fortaleza, Doutor em Ciências Sociais, Mestre em Comunicação, Jornalista, Professor da UEPB e especialista em Jornalismo de Soluções
Por Larissa Moura
"Sou muito feliz hoje de conseguir levar adiante uma proposta inovadora de produção jornalística."
Os estúdios da TV Verdes Mares, afiliada da Rede Globo no Ceará, foi onde Antonio Simões, ainda na infância, teve o privilégio de poder acompanhar as transmissões do telejornal da noite, ao lado do pai, que era cinegrafista. Essa é uma das lembranças mais legais da época e do contato com o pai. Poder acompanhar de perto o trabalho dele e a forma como funcionavam os bastidores, contribuiu e conquistou-o para dentro do jornalismo.
Teve uma adolescência focada na área esportiva, adorava acompanhar as Olimpíadas e a Copa do Mundo, jogava futebol pelo time do colégio em que estudava, chegando a ganhar até bolsa para disputas. Ainda nessa época, um dos irmãos também se tornou cinegrafista e ele passou a acompanhar, de dentro das cabines, como a dinâmica do mundo dos esportes e sua cobertura funcionava.
Vindo de uma família com grande influência católica, um dos irmãos tornou-se seminarista e outro diácono. Eles acreditam e pregam sobre a teologia da libertação, que consiste na luta pela emancipação dos pobres, levando a palavra de Deus aos mais necessitados. Cresceu com a ideia forte de igualdade social que reflete até hoje na forma de pautar as suas ações.
"Eu acredito que essa união do esporte, de ver o meu pai filmando o telejornal e ir com meu irmão ao estádio para filmar os jogos de futebol, associado a essa busca por justiça social; foram os elementos que me fizeram desde a adolescência saber que eu queria fazer jornalismo."
Para ele, estar na universidade era a realização de um sonho. As experiências vividas com a turma, os quarteirões que andava até chegar no ônibus, as leituras na biblioteca e o primeiro estágio. São essas lembranças alegres sobre a época que ficaram marcadas de forma especial no coração.
"Eu acredito ter sido um aluno comum, nunca fui um aluno brilhante, é... sempre busquei fazer o meu melhor e graças a Deus acho que a graduação foi um momento muito interessante, eu lembro que eu ficava muito feliz de ir para a universidade."
A paixão pelo jornalismo foi passada de pai para filhos, devido a essa influência. De início, Simões almejava seguir carreira na imprensa tradicional e trabalhar com TV, mas, ao longo da graduação, focou no Jornalismo Impresso e trabalhou no Jornal Diário do Nordeste, que circulava em todos os municípios do Ceará, trabalho esse que até hoje traz como referência de carreira.
"Lá eu conquistei alguns prêmios, consegui fazer reportagens especiais, matérias que até hoje eu lembro, falo para os meus filhos e falo em sala de aula."
Também fez viagens marcantes a trabalho, no Ceará e fora. Foi de Fortaleza a São Paulo de caminhão, no período de Natal e Ano Novo, acompanhando o dia a dia dos caminhoneiros que na época transportavam 60% das riquezas produzidas no país e não tinham o reconhecimento que mereciam.
Desde a graduação alguns professores eram inspirações para ele, despertando o desejo de conseguir compartilhar um pouco de sua vivência e experiências profissionais também. À medida que os anos foram passando, o desejo foi aumentando e surgiu a vaga, na Universidade de Fortaleza, para professores de Jornalismo. Mesmo trabalhando na redação, e sendo reconhecido pela direção do jornal, ele tentou a vaga, passou na seleção e se tornou professor do curso na Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Tentou conciliar os dois trabalhos, mas em um momento precisou se afastar da redação e se dedicar às salas de aula. Posteriormente, veio fazer doutorado em Campina Grande e por aqui ficou, após passar no concurso como professor efetivo de Jornalismo na UEPB.
"Foi sem dúvidas a realização de mais um sonho, foi algo muito desafiador. Eu tive que fazer a escolha: ou o jornal, ou a UNIFOR e optei pela UNIFOR. Estava muito encantado pela vida acadêmica, tinha me encontrado mais ainda e tive que deixar o jornal. Foi uma escolha difícil, e hoje mais do que nunca, vejo que foi uma escolha muito acertada."
Falar em Jornalismo de Soluções, é lembrar de Antonio Simões. Mas, para ele, o jornalismo de soluções surgiu em um momento em que estava sem compreender bem como o jornalismo poderia continuar a ajudar as pessoas. Ele questionou se o jornalismo estava ajudando ou atrapalhando as pessoas, em relação à saúde mental, já que a enxurrada de notícias negativas estava cada vez mais forte, deixando-o descrente no jornalismo. Continuou procurando respostas para as suas dúvidas, afinal, ele estava formando pessoas para o mercado.
Um dos caminhos que lhe despertou interesse foi o empreendedorismo, ao aprofundar seu conhecimento nessa área, decidiu leva-lo para a universidade. Foi em uma reunião do projeto de extensão Jornalismo Móvel (MOBJOR) sobre inovação que ele apontou sua insatisfação, explanou que acreditava em outra forma de fazer jornalismo, focada em notícias positivas e que pensava em fazer um projeto de extensão focado nisso. A ideia foi abraçada por alguns alunos, tirada do papel e surgiu o projeto Anti-Horário, e foi com o início do projeto que ele foi se aprofundando no universo das notícias positivas.
"Me deparei com o jornalismo de soluções, a partir de então, me encantei, acho que me reencontrei no jornalismo e sou muito feliz hoje de conseguir levar adiante essa proposta inovadora de produção jornalística."
O projeto, que neste ano completa 5 anos de execução, foi ganhando reconhecimento, realizando produtos inovadores, como a primeira revista brasileira focada em soluções. Após muitos estudos, Simões escreveu o primeiro livro sobre Jornalismo de Soluções, lançado em setembro de 2022. Mais um passo importante na carreira jornalística e de realizações profissionais e pessoais.
O jornalismo de soluções e todos os frutos gerados são o que mais o motiva a seguir na carreira, acreditando que por meio dele será possível capacitar estudantes para exercerem um jornalismo inovador e que contribua de forma significativa para uma sociedade mais justa.
"Espero que essa nova geração de jornalistas seja feliz fazendo jornalismo e se possível, fazendo jornalismo de soluções. Muitos produtos, muitas reportagens focadas em soluções."
Aqui temos uma breve parte da trajetória dele que é Cearense, pacifista, sonhador, torcedor do Fortaleza, pai do Gabriel e do Francisco, autor do livro Jornalismo de Soluções e grande referência de professor que, há alguns anos, vem contribuindo com conhecimentos inovadores para os alunos nesses 50 anos do curso de jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba.